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PMDB deve manter influência sobre investimentos com dinheiro do FGTS
Atritos com petistas fazem líderes do PMDB ameaçar criar dificuldades para o governo no Congresso
 
VALDO CRUZ
ANDRÉIA SADI
DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto agiu para aplacar uma disputa entre PT e PMDB na cúpula da Caixa Econômica Federal e indicou ontem que manterá sob a influência peemedebista um posto-chave no banco.
É uma tentativa de acalmar a insatisfação exibida pela bancada do PMDB no Congresso nesta semana.
O Planalto informou aos líderes do partido que tende a manter o atual vice-presidente de Fundos e Loterias da Caixa, Fábio Cleto, como representante do banco no Conselho Curador do FGTS, que define a política de investimentos do fundo.
O PMDB e o PT controlam os principais postos na diretoria da Caixa, mas nas últimas semanas os apadrinhados dos dois partidos entraram em conflito, levando os peemedebistas a ameaçar retaliar o governo em votações no Congresso.
O foco principal da disputa é o FI-FGTS, fundo de investimentos formado com recursos do FGTS e que tem cerca de R$ 19 bilhões aplicados em empresas associadas a projetos de infraestrutura, como a usina hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia.
O mandato de Cleto no Conselho Curador do FGTS termina nesta semana.
Apesar da promessa de que ele será reconduzido, os líderes do partido temem uma reviravolta nas negociações, pois ainda não receberam garantias da presidente Dilma.
Nos bastidores, o PMDB diz que só complicará as votações de interesse do governo no Congresso caso a recondução não ocorra e Cleto tenha seu poder esvaziado no comando da Caixa.
Nas palavras de um líder do PMDB, se ficar fora do conselho o vice se tornaria uma “rainha da Inglaterra”, perdendo uma das principais funções do seu posto.
O receio do Planalto é que o PMDB apoie o reajuste salarial reivindicado pelos servidores do Poder Judiciário, principalmente depois que o STF (Supremo Tribunal Federal) liberou a posse do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), após um pedido de líderes peemedebistas ao presidente da corte, Cezar Peluso.
O governo deve orientar seus aliados no Congresso a deixar para o ano que vem a aprovação do Orçamento de 2012, que definirá se haverá ou não o aumento.
O presidente da Caixa, o petista Jorge Hereda, trabalhou nos últimos dias para convencer Dilma a vetar proposta do PMDB que destinava verbas do FI-FGTS a obras da Copa-2014 e da Olimpíada-2016 a pedido do governador Sérgio Cabral (PMDB-RJ).
A proposta, incluída em medida provisória aprovada no Congresso, foi vetada anteontem pela presidente.
Os peemedebistas esperavam a decisão, mas ficaram incomodados com a movimentação de Hereda, que encomendou parecer contra a proposta peemedebista sem consultar Cleto, responsável direto pela área do FGTS.
Para o PMDB, o presidente da Caixa trabalha para retirar o apadrinhado do partido do conselho curador do FGTS, o que foi interpretado como uma declaração de guerra do partido aliado.
Hereda também teve atrito com o peemedebista Geddel Vieira Lima, vice-presidente de Pessoa Jurídica, nas negociações para a Caixa adquirir o controle da folha de pagamento do governo da Bahia.