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O sistema de eleições proporcionais do Brasil nem sempre coloca como eleitos os candidatos mais votados para deputado estadual e federal. E todos os anos os concorrentes que obtiveram muitos votos, mas não conseguiram o mandato, chiam e pedem mudanças no sistema eleitoral. Neste ano, no Paraná, não foi diferente. Já há derrotados falando na necessidade de reforma política para eliminar esse problema.

“Esse é um dos pontos que pode ser discutido numa reforma política”, afirma o deputado estadual Luiz Nishimori (PSDB), que tentou uma vaga na Câmara dos Deputa­­­dos neste ano. Nishimori, que fez mais de 70 mil votos, ficou entre os 30 mais votados para deputado federal no Paraná. O estado tem 30 vagas na Câmara, mas ele ficou de fora. O último a entrar foi Leopoldo Meyer (PSB), que fez 38 mil votos.

A polêmica surge porque as vagas, no sistema brasileiro, são decididas de acordo com o número de votos de cada partido ou coligação. Portanto, às vezes uma coligação com muitos votos consegue incluir como eleito um candidato pouco votado.

Na Assembleia Legislativa do Paraná, acontece a mesma coisa. Neste ano, por exemplo, o candidato menos votado a entrar foi o secretário estadual do Meio Ambiente no governo de Roberto Requião, Rasca Rodrigues. Candidato pelo PV, ele fez 18,8 mil votos. Houve, porém, candidatos com mais de 40 mil votos que ficaram de fora. Isso porque o PV teve muitos votos de legenda, o que acabou facilitando a vida de seus dois deputados eleitos.

“Eu sempre me pronunciei a favor do voto distrital misto”, afirma o deputado estadual Elton Welter (PT), derrotado na campanha para a reeleição com 41 mil votos. O candidato admite, porém, que no caso do PT paranaense, o mais importante foi a decisão do próprio partido de se coligar com outras legendas fortes, como PDT e PMDB. “Se fôssemos sozinhos, teríamos feito de oito a dez deputados. Com a coligação, ficamos com seis”, diz. “Eu, por exemplo, tinha sido eleito com 27 mil votos em 2006. Agora, fiz quase 42 mil e fiquei fora.”

A expectativa de quem fica nesta situação acaba sendo ocupar uma suplência com a saída de um titular. É o caso do deputado federal Luiz Carlos Setim (DEM), que não conseguiu a reeleição e ficou na primeira suplência. Setim também cogita a possibilidade de uma mudança para o voto distrital misto, que elegeria deputados por distritos fixos, comparando votos de cada candidato com o de seus concorrentes, além de eleger outra parte dos deputados pelo partido.

Para o professor de Ciência Política Emerson Cervi, da Uni­­versidade Federal do Paraná, a reclamação dos deputados não procede. Primeiro, porque todos conhecem a regra do jogo antes de se candidatar. Depois, porque o voto proporcional, apesar de ser criticado, tem suas vantagens. “É o melhor jeito de evitar uma relação muito personalista entre eleitor e eleito. O político tem de trabalhar para fortalecer o partido, não só a sua candidatura”, afirma.

 

De fora

Mesmo ficando entre os 54 mais votados para deputado estadual ou entre os 30 para federal, os candidatos abaixo vão ficar sem mandato. Veja:

Deputados estaduais

Ficaram de fora

Wilson Quinteiro (PSB) – 43,7 mil votos

Elton Welter (PT) – 41,9 mil votos

Gilberto Martin (PMDB) – 40,5 mil votos

Luiz Carlos Martins (PDT) – 37,7 mil votos

Beti Pavin (PMDB) – 37,3 mil votos

Último eleito

Rasca Rodrigues (PV) – 18,8 mil votos

Deputados federais

Ficaram de fora

Oldilio Balbinotti (PMDB) – 84,5 mil votos

Marcelo Almeida (PMDB) – 82,5 mil votos

Luiz Carlos Setim (DEM) – 77,6 mil votos

Luiz Nishimori (PSDB) – 70 mil votos

Último eleito

Leopoldo Meyer (PSB) – 38,6 mil votos

Fonte: TSE