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Em setembro, assim como em todos os outros meses de 2011, o IGP-10 da FGV perdeu força no acumulado dos 12 meses anteriores – um sinal de que os preços estão subindo em um ritmo menor do que no passado. Em entrevista à Carta Maior, economista Salomão Quadros diz que a tendência deve se manter até o final do ano.

Marcel Gomes

SÃO PAULO – A primeira prévia da inflação de setembro, o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), atingiu 0,63%, praticamente o triplo do 0,20% registrado em agosto, uma vez mais pressionado pelos custos de alimentação e gêneros agropecuários. Entretanto, em setembro, assim como em todos os outros meses de 2011, o índice perdeu força no acumulado dos 12 meses anteriores – um sinal de que os preços estão subindo em um ritmo menor do que no passado.

Em janeiro, o IGP-10 havia atingido 11,49% no acumulado dos 12 meses. Por esse critério, a taxa caiu para 11,43% em fevereiro, 11,14% em março, 11,06% em abril, 10,44% em maio, 8,77% em junho, 8,59% em julho, 8,31% em agosto e, finalmente, 7,79% em setembro. De acordo com o economista Salomão Quadros, da Fundação Getúlio Vargas, instituição responsável pelo índice, essa tendência deve continuar ao menos até o final do ano.

“O choque dos preços das commodities em 2010 fez o IGP-10 superar 1% em vários meses. É uma gordura que está sendo cortada agora”, explicou à Carta Maior.

O Banco Central conta com o recuo do ritmo inflacionário para cortar mais a taxa de juros básica da economia, a Selic. Em agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, que serve de referência para o cálculo da meta de inflação oficial (4,5%), atingiu pela terceira vez seguida um valor que “se encaixava” no patamar mensal estipulado pelo governo, de no máximo 0,40% – alcançou 0,37% no mês.

No entanto, o IPCA registra uma tendência oposta a do IGP-10 – quando medido no acumulado de 12 meses, ele vem subindo. Por esse critério, o índice atingiu 7,23% em agosto, a maior variação desde junho de 2005.

Por isso, o IGP-10 traz um alento. Além de sugerir que não há sinal de nenhum choque de preços nesse início de setembro – a taxa calcula a inflação entre o dia 10 de um mês e o dia 11 do mês anterior -, o índice da FGV também mede por metodologia a movimentação de preços do início das cadeias produtivas, como o setor agropecuário, que demora alguns meses para ser refletida no IPCA – e em setembro não há qualquer sinal de choque de preços como houve em 2010.

A maior pressão para a subida do IGP-10 neste mês veio de produtos agropecuários e alimentícios, como o limão (alta de 107,65%), mamão papaia (13,10%), aves (6,98%), café em grão (6,88%) e carne bovina (5,6%). Mas nem todos os alimentos subiram de preço. A sardinha fresca caiu 16,04%, a pescada-branca, 13,24%, o alho, 12,80%, a batata-inglesa, 9,78%, e a cebola, 8,53%. Em média, os produtos agropecuários subiram 1,48% no mês e os custos com alimentação, 1,23%.

Para o pesquisador Mauro Osaki, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, além da demanda em alta, as cotações de alguns gêneros alimentícios foram pressionadas por problemas climáticos. “Houve geadas tardias neste final de inverno que prejudicaram o setor de hortifruti em algumas regiões do Estado de São Paulo e a floração de frutas no sul”, disse ele à Carta Maior.

O IGP-10 é desagregado pela FGV em três outras taxas setoriais. O Índice de Preços ao Produtor Amplo-10 (IPA-10) variou 0,73% em setembro, ante uma alta de 0,26% em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor-10 (IPC-10) registrou variação de 0,58%, após um recuo de 0,03% no mês anterior. E o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) subiu 0,10%, abaixo do resultado de setembro, de 0,31%.