Este ano começou agitado na vida profissional de Glauco Lins Camargo, economista de 32 anos. Depois de três anos trabalhando na ZFAC Factoring como gerente do setor de atendimento à pessoa jurídica, ele hoje já está no seu terceiro emprego do ano.
Com toda a carreira dedicada ao mercado financeiro, Camargo teve neste ano a oportunidade de mudar de ambiente de trabalho – desde que se formou sempre havia trabalhado em bancos – e passar a ter participação sobre os negócios.
A primeira mudança ocorreu em março, quando ele foi chamado para ser gerente financeiro da Val Seguradora. Pouco tempo depois, surgiu uma proposta ainda melhor, para trabalhar na companhia automotiva Forjafrio, que vinculava ao salário uma variável sobre o faturamento.
Em apenas alguns meses e duas mudanças, o salário de Camargo aumentou em R$ 3 mil. “Nas minhas decisões de mudar não pesou apenas a proposta salarial, mas a possibilidade de desafio, de sair de um banco e virar gerente financeiro”, diz. Ele considera que o mercado de trabalho na sua área está aquecido, mas continua exigente com o desempenho dos funcionários.
A oferta maior de emprego tem possibilitado aos trabalhadores ir para áreas que correspondem melhor ao seu perfil. A decisão da mudança passa a ficar mais nas mãos dos funcionários e, segundo os profissionais ouvidos pelo Valor, apesar da valorização salarial ser importante, o que mais pesou nas suas decisões foi poder realizar uma atividade que preferem.
Suellen Higashi, 24 anos, é recém-formada em economia e estava atuando na área contábil. Em março, foi chamada para trabalhar como analista financeira na prestadora de serviços de assistência Inter Partner Assistance.
Segundo ela, a proposta salarial foi atrativa, representando um aumento de 20% sobre a remuneração anterior, mas não foi isso que definiu a sua mudança. “O que mais me interessou foi poder trabalhar com foco maior no setor financeiro, além de ser um desafio e um cargo que demanda o uso do inglês e do espanhol”, diz a economista.
Formado em administração, Douglas do Nascimento, 35 anos, trabalha há 11 anos no mercado de seguros. Nos últimos quatro anos, trabalhou como subscritor de riscos patrimoniais na RSA Seguros. Em maio, foi chamado pela Liberty Seguros para atuar, além das análises e cotações, no contato com os clientes.
Apesar de se manter na área em que vinha atuando, ele explica que poder trabalhar com o setor comercial foi o que mais o atraiu. “No emprego atual eu trabalho também indo atrás de negócios”, diz.
Não foi a primeira vez que recebeu uma proposta, mas foi a primeira que realmente valeu a pena, conta. A proposta do novo emprego cobriu salário anterior, representando uma valorização de 35%, mas ele diz que já recusou convites mais atrativos financeiramente por não achar que o emprego lhe traria melhores perspectivas.
“Não é só a questão financeira que precisa ser avaliada. O emprego tem de abrir novas perspectivas, e minha mudança foi por apostar no crescimento da Liberty”, diz.