Funcionários da Infraero iniciam greve de 48 horas em Guarulhos, Viracopos e Brasília para protestar contra o modelo de privatização
Depois dos transtornos causados pelas cinzas do vulcão chileno, a semana promete mais dor de cabeça para quem for viajar de avião no Brasil. Os funcionários da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) começam hoje uma paralisação de 48 horas nos aeroportos de Guarulhos, Campinas e Brasília para protestar contra o modelo de privatização para o setor adotado pelo governo.
“Viajar vai ser difícil nesses dias. Como Guarulhos é o maior aeroporto da América Latina, nossa mobilização vai ter reflexos até no exterior”, previu o diretor do Sindicato Nacional dos Aeroportuários (Sina), Marcelo Tavares. O sindicalista garante que, como a greve afeta a fiscalização dos pátios e o controle do tráfego aéreo, os pousos e decolagens também ficarão comprometidos. Já a Infraero garante estar preparada para enfrentar a greve, com um plano de contingenciamento para minimizar os impactos da paralisação para os passageiros.
“Claro que vai haver transtornos. Mas estamos acostumados a operar em situações emergenciais”, acalmou o diretor de Administração da estatal, José Eirado. Segundo ele, os voos e o fluxo de passageiros nos terminais estão assegurados pelo plano, que terá apoio também das companhias aéreas. Juntos, lembrou, os três aeroportos têm 2,8 mil empregados da Infraero e outros 10 mil trabalhadores ligados à iniciativa privada, que podem ser acionados para ajudar durante a paralisação. “Se for preciso, vamos apertar o cinto. Gente que hoje faz trabalho gerencial ou administrativo vai para a linha de frente trabalhar”, disse.
Mas os aeroportuários acreditam em uma grande adesão da categoria, até mesmo em outros aeroportos. Os três terminais escolhidos para a paralisação de 48 horas fazem parte do cronograma de privatização do governo. A expectativa é de que os leilões se realizem até o início de 2012. Tavares explica que a greve tem como objetivo alertar a sociedade dos riscos que a transferência privada de atividades como segurança aeroportuária podem trazer para o setor. Para a categoria, o governo deveria privatizar apenas a área comercial dos aeroportos, deixando o segmento de infraestrutura com a União.
Pelo modelo de privatização anunciado, o governo vai exigir investimento mínimo de R$ 13,2 bilhões no aumento da capacidade dos três aeroportos. Um terço desses recursos deverá ser gasto para equipar o sistema para a Copa. O prazo da concessão varia de 20 a 30 anos. A cifra foi fixada com base nos estudos econômicos, que o ministro da Secretaria da Aviação Civil, Wagner Bittencourt, entregou na semana passada ao TCU.
Confiança. Os presidentes da Gol e da Webjet, Constantino Júnior e Fábio Godinho, disseram ontem confiar na coordenação do governo para evitar transtornos nos aeroportos de Brasília, Campinas e Guarulhos (SP), com a possibilidade de greve.
Segundo Godinho, representantes das áreas operacionais das companhias aéreas, da Infraero, da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e da Secretaria Especial de Aviação Civil reuniram-se ontem no Rio para avaliar medidas que possam minimizar eventuais transtornos. Constantino disse esperar que os grevistas mantenham uma estrutura mínima para não prejudicar os passageiros.