Na avaliação dos técnicos, o governo precisa investir mais – mas despesas desse gênero não devem ser atingidas pela tesoura governamental. A expectativa é que Dilma retome a prática de quando era ministra da Casa Civil, quando avaliava os programas em detalhe. Ela pretende evitar o que ocorreu no ano passado, quando muitos gastos em obras não saíram do papel por problemas de gestão – o que fez os investimentos encolherem. Foram R$ 41,9 bilhões em 2011, ante R$ 44,7 bilhões no ano eleitoral de 2010, segundo levantamento da organização Contas Abertas.
A “faxina” que atingiu o Ministério dos Transportes, segundo maior orçamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é um exemplo. A área, que tinha R$ 17,1 bilhões para gastar, encerrou o ano com desembolsos de R$ 12,8 bilhões, sendo que R$ 6,8 bilhões eram restos contratados no governo anterior. Do orçamento de Dilma, a pasta concluiu R$ 6 bilhões em investimentos no ano passado.
Mudança de governo
As reuniões setoriais servirão, segundo assessores do Planalto, também para preparar os espíritos das áreas que sofrerão maiores restrições. Esse é o dilema do momento no coração do poder: mais investimento ou maior superávit primário. Só dá para fazer os dois se a arrecadação crescer acima do esperado.
Nos últimos dias, aumentaram os rumores de que a área econômica estaria dividida – Guido Mantega defendendo o primário mais forte e o secretário executivo Nelson Barbosa querendo crescimento. Mantega estaria preocupado com o risco de se emitir um sinal errado, num momento em que países europeus enfrentam uma crise justamente por problemas nas contas públicas.