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Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

TRT-4 ressaltou a responsabilidade da empresa em prevenir comportamentos discriminatórios, evidenciando a violação de direitos constitucionais e legais.

Da Redação

A 1ª turma do TRT da 4ª região manteve a condenação de hospital ao pagamento de R$ 10 mil por danos morais a uma enfermeira que foi vítima de preconceito por sotaque nordestino.

O colegiado acompanhou sentença que entendeu ter havido omissão da empresa diante das situações de xenofobia no ambiente laboral.

Segundo laudos médicos e psicológicos constantes no processo, a profissional passou a apresentar problemas mentais em decorrência das discriminações sofridas.

A médica do trabalho responsável indicou que a enfermeira estava em acompanhamento por transtorno de ansiedade relacionado ao trabalho, com recomendação de avaliação psiquiátrica de urgência.

Hospital deve indenizar enfermeira nordestina vítima de xenofobia.
Em depoimento prestado à Justiça, uma técnica de enfermagem relatou ter testemunhado, na UTI, colegas rindo com frequência do modo de falar da trabalhadora, o que a deixava “tímida e constrangida com a situação”.

A instituição negou os fatos e afirmou que a enfermeira nunca foi humilhada, argumentando que o contrato não prosseguiu porque a profissional não foi aprovada na avaliação de desempenho.

Para juízo de sentença, contudo, ficou demonstrado que o hospital falhou em coibir os comportamentos discriminatórios dos demais empregados.

Ao analisar o recurso, o juiz convocado Ary Faria Marimon Filho, relator do acórdão, concordou com a fundamentação da sentença de 1ª instância.

Para ele, o conjunto probatório foi suficiente para comprovar a prática de xenofobia no local de trabalho.

“A xenofobia pode ser definida como ‘um comportamento especificamente baseado na percepção que o outro é estrangeiro ou de origem de fora da comunidade ou da nação’, sendo prática vedada e combatida pelo ordenamento jurídico nacional e, também, pelo corpo de tratados internacionais aos quais a República Federativa do Brasil ratificou e promulgou.”

O relator fundamentou o dever de reparação no art. 5º, V, da Constituição Federal e nos arts. 186 e 927 do CC, reconhecendo a omissão da empresa como ato ilícito.

Dessa forma, o colegiado, seguindo o voto do relator, negou recurso do hospital e manteve sentença.

O Tribunal não divulgou o número do processo.

Com informações do TRT-4.

MIGALHAS
https://www.migalhas.com.br/quentes/427535/xenofobia-enfermeira-sera-indenizada-por-chacotas-com-sotaque

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

Colegas de trabalho indenizarão por divulgar prints de WhatsApp

Juiz destacou a violação da privacidade e a repercussão negativa que o ato causou à mulher, resultando em sua exoneração do cargo.

Da Redação

Duas colaboradoras de universidade em São Luís/MA foram condenadas a indenizar colega de trabalho por acessarem indevidamente mensagens do WhatsApp, capturarem imagens de conversas privadas e compartilharem o conteúdo com terceiros.

A decisão é do juiz de Direito Márcio Castro Brandão, da 3ª vara Cível de São Luís/MA, que reconheceu o abalo à imagem, honra e credibilidade da vítima – exonerada do cargo na instituição em decorrência do episódio.

O caso

De acordo com o processo, as colaboradoras acessaram o WhatsApp Web da colega por meio de computador de uso coletivo na universidade, sem autorização. A partir daí, realizaram capturas de tela de conversas privadas e disseminaram o conteúdo.

Em sua defesa, alegaram que não houve quebra de sigilo, pois as mensagens estavam visíveis na tela de computador compartilhado. Sustentaram, também, não haver qualquer ato ilícito, classificando o episódio como um mero aborrecimento.

Durante a instrução, uma testemunha afirmou que o conteúdo das conversas se espalhou entre diversos funcionários e chegou à alta direção da universidade. Embora não tenha identificado quem repassou os prints, confirmou a ampla repercussão no ambiente de trabalho.

Mulher que teve prints de WhatsApp divulgados por colegas de trabalho será indenizada.
Direito à privacidade

O magistrado destacou que a CF, em seu art. 5º, inciso XII, garante o sigilo das comunicações, inclusive as realizadas por aplicativos como o WhatsApp – proteção que se estende à intimidade e à privacidade, ambas com status constitucional.

Nesse sentido, frisou que terceiros somente podem ter acesso às conversas de WhatsApp mediante o consentimento dos participantes ou autorização judicial, o que não ocorreu no caso.

Dano evidente

Para o juiz, os danos causados à autora são evidentes, extrapolando a violação da privacidade e afetando diretamente sua vida profissional, levando à perda do cargo, além de julgamentos no ambiente de trabalho – agravados, inclusive, pela condição de gestante da mulher à época dos fatos.

Diante disso, o magistrado fixou indenização por danos morais no valor de R$ 10 mil, a ser paga solidariamente – R$ 5 mil por cada colaboradora.

O tribunal não informou o número do processo.

Informações, TJ/MA.

MIGALHAS
https://www.migalhas.com.br/quentes/427591/colegas-de-trabalho-indenizarao-por-divulgar-prints-de-whatsapp

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

Ambev pagará R$ 100 mil por burnout de empregado que liderava 3 turnos

TRT-15 reconheceu que sobrecarga e acúmulo de funções contribuíram para o adoecimento do trabalhador.

Da Redação

TRT da 15ª região condenou a Ambev ao pagamento de R$ 100 mil por danos morais a ex-coordenador acometido por transtorno de ajustamento e síndrome de burnout.

Para a 10ª câmara, ficou demonstrado que as condições laborais impostas ao trabalhador contribuíram diretamente para o seu adoecimento, configurando a responsabilidade subjetiva da empregadora.

A ação

No processo, o empregado relatou que as doenças foram desencadeadas pelo excesso de trabalho e pelo acúmulo de funções. Segundo ele, após ser promovido ao cargo de coordenador, passou a assumir também as funções de supervisor, sendo responsável pelos três turnos de produção.

Além da gestão da equipe, ele também respondia pela manutenção e acompanhamento dos processos produtivos, o que elevou significativamente sua carga de responsabilidades.

A empresa, por sua vez, negou a existência de nexo causal entre a atividade e a doença. Alegou também que não houve culpa patronal e que o trabalhador não estaria incapacitado para o trabalho, motivo pelo qual contestou o pedido de indenização por danos morais e pensão mensal.

Ambev é condenada pelo TRT-15 a pagar R$ 100 mil a ex-coordenador diagnosticado com burnout.
Nexo causal

O relator do caso, desembargador Edison dos Santos Pelegrini, reconheceu a existência de nexo causal entre a doença e a atividade laboral, com base em laudo médico pericial e prova testemunhal.

Segundo o julgador, empresa deixou de adotar medidas adequadas de prevenção a riscos ocupacionais, tanto físicos quanto emocionais.

“O empregador, ao enriquecer-se às custas da força e da saúde alheia, possui a obrigação legal de minimizar todos os riscos inerentes ao trabalho por meio da estrita obediência às normas de saúde […] o que não restou provado nos autos.”

O relator destacou a responsabilidade civil da empresa, mesmo diante de alegações de que o transtorno teria caráter personalíssimo.

“Deve a empregadora atentar, inclusive, para as peculiaridades psicológicas de cada indivíduo contratado e promovido a determinados cargos de gestão.”

O desembargador também destacou os depoimentos que evidenciaram as condições enfrentadas pelo homem em seu ambiente de trabalho.

“O longo tempo de trabalho a serviço da reclamada, bem como a escalada das funções, sem dúvida, falam por si, sobre a competência crescente do colaborador de grande valia.”

Por fim, o colegiado, seguindo o voto do relator, reformou parcialmente a sentença de origem para absolver a Ambev do pagamento da pensão vitalícia em parcela única, mantendo, no entanto, a condenação por danos morais, que foi majorada para R$ 100 mil.

Processo: 0010431-80.2022.5.15.0131
Leia a decisão:https://www.migalhas.com.br/arquivos/2025/4/DF0569CE096CB3_AmbevpagaraR$100milporburnoutd.pdf

Após a decisão, o trabalhador entrou com embargos de declaração em relação ao dano material.

Segundo o advogado Thiago Brito de Abbattista, que atua pelo trabalhador, “ao contrário que constou no acórdão, a perita médica judicial relata a incapacidade laboral para voltar exercer a mesma função e atribuições que exercia  Ambev”.

MIGALHAS
https://www.migalhas.com.br/quentes/427673/ambev-pagara-r-100-mil-por-burnout-de-empregado-que-liderava-3-turnos

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

28 de abril: Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e doenças do trabalho

Neste mês de abril destacam-se duas importantes datas: o Dia Mundial da Saúde (7 de abril) e o Dia Nacional em Memória das Vítimas de Acidentes e Doenças do Trabalho (28 de abril).

A Saúde e Segurança dos Trabalhadores é um direito fundamental de cidadania, reconhecido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), embora a cada 15 segundos morra uma pessoa no mundo por acidentes de trabalho, enquanto no Brasil, a cada 50 segundos ocorre um acidente de trabalho.

Para não se esquecer essa cruel realidade, o movimento internacional de trabalhadores instituiu o 28 de abril em memória dos trabalhadores e trabalhadoras vitimados pelos acidentes de trabalho, cuja data relembra a morte de 78 trabalhadores, causada por explosão em uma mina nos Estados Unidos, no dia 28 de abril de 1969. No Brasil essa data foi instituída pela Lei nº 11.121/2005.

É preciso reconhecer que existe no mundo inteiro, e no Brasil, uma grande violência no trabalho contra os trabalhadores, com prejuízos incalculáveis para eles, suas famílias, para as empresas e, finalmente, para a sociedade, que responde pelas mazelas sociais.

Essas datas chamam a atenção para a necessidade de proteção da saúde e segurança dos trabalhadores do Brasil, uma vez que dados do SmartLab (Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho da OIT/MPT) revelaram que em 2022 foram notificados 612.920 acidentes de trabalho no Brasil, com 2.538 mortes.

Os dados citados abrangem apenas os acidentes registrados junto ao INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), deixando de fora todos os ocorridos com trabalhadores sem registro formal em carteira. É importante ressaltar que mesmo entre os trabalhadores registrados, há significativa subnotificação, pois ainda existem empresas que deixam de reportar esses acidentes de trabalho, principalmente os mais simples, contribuindo para uma visão incompleta e subestimada da realidade dos acidentes de trabalho no país.

Cabe lembrar que esses números abrangem apenas os trabalhadores com vínculo de emprego regular, porquanto, sabe-se que os números oficiais não são reais, porque muitos acidentes e, sobretudo, doenças ocupacionais não são registrados oficialmente. Também, porque existe grande número de trabalhadores informais que sofrem acidentes de trabalho, ficam doentes e não entram nas estatísticas oficiais.

Como disse o então presidente do TST, ministro Lélio Bentes Corrêa, na abertura da campanha “Abril Verde” de 2024, “O trabalho deve ser meio de vida e não meio de morte. Um trabalhador, uma trabalhadora quando sai todos os dias para ganhar o sustento próprio, dos seus cônjuges e filhos, o faz na expectativa de regressar à casa, e é assim que deve ser” (acesso em 2/9/2024).

Por isso, os tomadores de serviços devem observar os padrões de segurança, porque não é admissível nem razoável que cidadãos e cidadãs brasileiras percam sua capacidade de trabalho e até mesmo a vida em acidentes que podem ser evitados, se houver atenção e cuidado com os padrões de segurança exigidos pela legislação brasileira.

Nesse sentido, desde 1999 a Organização Internacional do Trabalho (OIT) vem buscando implementar o “trabalho decente” com a missão de promover oportunidades para que homens e mulheres obtenham um trabalho produtivo e de qualidade em condições de segurança e dignidade humana, o que faz parte hoje dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas, em especial o ODS 8, que busca “promover crescimento econômico sustentado, inclusivo e sustentável, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todas e todos.

Saúde do trabalhador e com a precarização do trabalho

O objetivo prioritário da agenda do trabalho decente é difundir padrões de emprego caracterizados por um trabalho devidamente remunerado e capaz de garantir vida digna, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança, com a eliminação de todas as formas de trabalho forçado, abolição do trabalho infantil e combate sistemático às distintas formas de discriminação em matéria de emprego e ocupação, extensão da proteção social e fortalecimento do diálogo entre patrões, sindicatos e governo.

Entre as dimensões do trabalho decente, segundo a OIT, destacam-se jornada de trabalho adequada, combinação entre trabalho, vida pessoal e vida familiar e ambiente de trabalho seguro.

O trabalho decente tem tudo a ver com a saúde do trabalhador, porque saúde não é só ausência de doenças, mas, igualmente, bem-estar físico, mental e social do ser humano, uma vez que a preservação da saúde do trabalhador tem como objetivos, entre outros: conhecer a realidade das condições de trabalho da população trabalhadora; intervir nos fatores determinantes dos agravos à saúde, buscando eliminá-los ou, na sua impossibilidade, atenuá-los e avaliar os impactos das medidas adotadas sobre esses agravos e controlar os seus fatores determinantes.

É sempre necessário frisar que saúde e doença são condicionadas e determinadas pelo modo como os trabalhadores vivenciam as condições, os processos e os ambientes em que trabalham, pelo que, as novas tecnologias e formas de trabalho vêm influenciando nos agravos à saúde dos trabalhadores, inclusive mental.

Todavia, no contexto dos países do G-20 e das Américas, o Brasil ocupa o segundo lugar em mortalidade no trabalho, conforme dados do SmartLab/OIT/MPT.

Portanto, hoje, o principal desafio das políticas do Estado brasileiro deve incluir a promoção do trabalho decente e a redução da vulnerabilidade ocupacional, o que contribuirá para a melhoria do bem-estar social e da saúde dos trabalhadores. Para isso é necessário reduzir o desemprego, combater o trabalho precário e erradicar as situações mais graves de exclusão e discriminação, uma vez que permanece elevada a proporção de trabalhadores sem emprego formal e regular, expostos a uma inserção ocupacional inadequada e insegura.

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

Greve nacional: milhares de entregadores recebem não do iFood em SP e prometem brecar principais pontos da cidade

Motoboys afirmam que impedirão a saída de entregas nos maiores shoppings de SP.

A reportagem é de Gabriela Moncau, publicada por Brasil de Fato, 31-03-2025.

Na maior mobilização de entregadores na capital paulista desde o #BrequeDosApps de 2020, cerca de dois mil trabalhadores fizeram uma motociata na av. Paulista e até a sede do iFood, na cidade vizinha de Osasco, nesta segunda-feira (31). O ato integra o Breque Nacional de 48h, organizado simultaneamente em cerca de 60 cidades com a demanda central de aumento da taxa mínima por corrida de R$ 6,50 para R$ 10.

Depois de esperar horas e já embaixo de chuva em Osasco (SP), os trabalhadores receberam um não da empresa às suas demandas. Saíram da frente do iFood se dividindo em grupos de cada uma das zonas da capital paulista e região metropolitana para brecar a saída de entregas dos principais shoppings da cidade.

Os entregadores prometem paralisar os pedidos do horário de janta desta segunda até a noite de terça-feira (1), dia também definido para a mobilização nacional.

“A greve vai continuar. Os caras não deram porra nenhuma, mas eles viram que o movimento foi forte no país inteiro, e nós vamos continuar, porque nós vamos mandar o recado. Não é justo o que eles estão fazendo, fizeram nós de trouxa, responderam porra nenhuma, então a gente vai parar o país inteiro”, anunciou, sob aplausos, uma das lideranças da greve de cima do carro de som.

Além da taxa mínima, os trabalhadores reivindicam o aumento da remuneração de R$ 1,50 para R$ 2,50 a cada quilômetro rodado; o limite de um raio de 3 quilômetros para entregas feitas em bicicleta; e o pagamento integral por corrida mesmo quando pedidos são agrupados na mesma rota.

As pautas foram apresentadas por uma comissão de nove entregadores recebidos, após pressão, em uma reunião fechada dentro da sede da empresa com João Sabino, diretor de Políticas Públicas do iFood, e Johnny Borges, diretor de Impacto Social da empresa. Este último é figura conhecida por entregadores envolvidos em mobilizações nos últimos anos: cumpre a função de lidar com os movimentos de trabalhadores.

A entrada da comissão de grevistas, no entanto, foi conturbada. Os próprios entregadores tiveram discussões acaloradas. Parte considerava que o diálogo tinha que acontecer com um representante do iFood do lado de fora, dando explicações a todos. A empresa negou. Outra parte achou válido que um grupo de lideranças entrasse, desde que a reunião fosse transmitida ao vivo.

Os grevistas indicaram dez pessoas. O iFood permitiu que fossem nove. Esta negociação foi inteiramente mediada pela Polícia Militar (PM). Depois de liberados, os integrantes da comissão puderam entrar um por um na sede da empresa, escoltados individualmente pelo major da PM Mosna.

Do lado de dentro, os representantes dos trabalhadores foram impedidos de registrar a conversa. De novo, houve dissenso entre os manifestantes. Muitos defenderam que, sem transmissão, a comissão deveria se retirar. Venceram os que optaram por manter a reunião. Dela, no entanto, não houve resposta positiva às demandas.

“Sem nós, não tem iFood, não tem aplicativo nenhum. Então vamos até o fim, brecar todos os pontos e continuar engajado nessa luta, não vamos desistir”, declarou Jr. Freitas, um dos fundadores da Aliança Nacional dos Entregadores de Aplicativos (Anea) e que compôs a comissão de negociação.

“Vambora, é o breque”

Ao som de buzinas, escapamento de moto e “vamo rapaziada, é o breque”, os milhares de entregadores se encontraram na manhã desta segunda (31) em frente ao estádio do Pacaembu. Nas faixas, lia-se “Bilhões para o iFood, migalhas para os motoboys” e “iFood, Rappi, 99 e Uber: parasitas promovedores da escravidão moderna”. “Isso aqui é revolta popular, é a revolta do trabalhador”, definiu Freitas de cima do carro de som.

André S. tem 19 anos e faz entrega na região da Faria Lima, um dos principais centros do mercado financeiro do país. “O iFood coloca nossa vida em risco todo dia em troca de uma taxa mínima de R$ 6,50, isso é inadmissível”, opina. “A gente está aqui hoje contra essa superexploração e precarização do trabalho”, explica o motoboy.

Depois de ocupar uma via inteira da av. Paulista recebendo gestos de apoio de pessoas nas calçadas, os entregadores estacionaram em frente ao Masp. Uma intervenção com tinta vermelha, uma bag e um papel de alumínio no chão, como se cobrisse um corpo, chamou a atenção para o alto índice de mortes da categoria.

Apenas na capital paulista, os óbitos de motociclistas subiram cerca de 20% no ano passado, segundo levantamento realizado pelo Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Foram 483 mortes em 2024, contra 403 em 2023.

Para os grevistas, a letalidade da profissão é consequência da precarização. “Se a gente tivesse uma remuneração digna, não precisaria correr nem trabalhar exaustos, mais de 12h por dia”, argumenta Diego Silva, entregador de 20 anos que perdeu um colega de profissão ano passado.

O protesto, majoritariamente masculino, foi amplamente registrado por vídeos de celular dos entregadores. Falas no caminhão de som foram alternadas entre lideranças e influenciadores da categoria. Os dois parlamentares presentes na manifestação, com posições opostas no espectro político – a vereadora Luana Alves (Psol) e o deputado federal bolsonarista Delegado Palumbo (MDB) –, não tiveram permissão para falar no microfone.

O almoço dos manifestantes foi em parte garantido pela doação de 300 marmitas da cozinha solidária do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Entregador há sete anos, Alexandre dos Santos argumenta que as plataformas estão pagando “o mínimo do mínimo”: “A gente vai no mercado e não consegue acompanhar o preço dos alimentos, não consegue acompanhar o preço do combustível”.

“A gente está lutando por isso, eu não vejo ninguém lutar pelos motoboys. Fora que quando a gente vai trabalhar a gente é muito desrespeitado. As pessoas tratam a gente como se a gente fosse nada. Por isso estou aqui e vou continuar aqui até eu ver a melhora. Porque a gente merece isso. A gente trabalha na chuva, a gente trabalha no sol. E o mínimo que eles têm que fazer é reconhecer”, defende Alexandre.

O Brasil de Fato entrou em contato com a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Abomitec), que representa empresas como o iFood, Uber, Lalamove e 99. A entidade informou que “respeita o direito de manifestação” e que a renda média dos entregadores “cresceu 5% acima da inflação entre 2023 e 2024”.

A reportagem também questionou o iFood sobre o motivo da negativa às demandas dos trabalhadores. Perguntou, ainda, por que a PM intermediou a entrada dos entregadores na empresa e por que a reunião não pôde ser gravada. Em nota, a gigante do delivery confirmou a reunião “com nove representantes dos manifestantes na tarde desta segunda-feira (31), no escritório da empresa em Osasco. Reafirmando sua abertura ao diálogo, foram discutidas as principais demandas apresentadas pelo movimento e ficou acordado que o iFood retornará com devolutivas para as lideranças”.

IHU – UNISINOS

https://www.ihu.unisinos.br/650208-greve-nacional-milhares-de-entregadores-recebem-nao-do-ifood-em-sp-e-prometem-brecar-principais-pontos-da-cidade

Xenofobia: Enfermeira nordestina será indenizada por chacotas com sotaque

Home office impulsiona empreendedorismo no Brasil e exige mais disciplina

home office se consolidou nos últimos anos, transformando tanto o mercado corporativo quanto o cenário do empreendedorismo. Trabalhar de casa permite flexibilidade e autonomia, mas também exige disciplina e estrutura para garantir produtividade.

Segundo especialistas, setores como tecnologia, marketing digital, produção de conteúdo e consultoria oferecem diversas oportunidades para quem deseja empreender remotamente. Além disso, atividades manuais, como gastronomia e artesanato, também têm crescido nesse modelo de trabalho.

No entanto, para manter o rendimento, é essencial ter planejamento, ferramentas adequadas e uma rotina bem estabelecida.

Formalização garante segurança

Mesmo atuando de casa, a formalização do negócio é um passo importante. De acordo com Marlon Freitas, CMO da Agilize Contabilidade, a regularização garante segurança jurídica e acesso a benefícios como emissão de notas fiscais e linhas de crédito.

Ele também destaca a importância de manter horários organizados e criar um espaço exclusivo para o trabalho, fatores essenciais para um bom desempenho.

Setores promissores para o home office

A área de tecnologia da informação segue como uma das mais promissoras para o trabalho remoto. Profissionais como desenvolvedores, analistas de dados e especialistas em segurança digital estão entre os mais procurados.

No marketing digital, há oportunidades para gerenciamento de redes sociais, campanhas publicitárias e otimização para mecanismos de busca (SEO).

A produção de conteúdo também se destaca, abrangendo redação, edição e roteirização para diversas plataformas. Além disso, consultorias em finanças, gestão e recursos humanos operam de forma eficiente por meio de reuniões virtuais.

No atendimento ao cliente, muitas empresas adotaram suporte remoto para agilizar o contato com consumidores.

Empreendedores utilizam redes sociais para vender produtos como bolos, doces e salgados. Artesanato e organização de eventos também são segmentos que se beneficiam do home office, utilizando a internet como principal canal de vendas e divulgação.

No marketing digital, há oportunidades para gerenciamento de redes sociais, campanhas publicitárias e otimização para mecanismos de busca. (Foto: Reprodução)

Empresas e equipes remotas após pandemia

Apesar da retomada do trabalho presencial em muitas empresas, outras optaram por manter equipes remotas como estratégia de gestão.

Raquel Muniz, analista de inbound marketing, mora em Niterói (RJ) e trabalha para uma empresa sediada em Salvador (BA). Para ela, o home office proporciona mais qualidade de vida ao eliminar o tempo gasto com deslocamento, mas exige disciplina para evitar distrações.

“Sem planejamento e indicadores, a rotina se torna confusa e compromete o desempenho”, alerta. Para manter o engajamento da equipe, Raquel enfatiza a importância de reuniões regulares e encontros estratégicos para cada projeto.

Mesmo trabalhando à distância, ela sente que faz parte do time. “Não conheço pessoalmente a maioria dos colegas, mas a conexão diária nos faz sentir no mesmo ambiente.”

Dicas para produtividade no home office

Segundo Marlon Freitas, uma estrutura adequada e boas práticas são fundamentais para tornar o trabalho remoto eficiente.

Ele recomenda:

• Definir horários fixos: cria disciplina e ajuda a separar a vida pessoal da profissional.
• Ter um espaço exclusivo para o trabalho: um ambiente organizado reduz distrações e melhora o foco.
• Utilizar ferramentas de gestão: softwares de CRM, plataformas de tarefas e videoconferência facilitam a rotina.
• Reduzir distrações digitais: desligar notificações e estabelecer períodos de foco melhora a produtividade.
• Planejar o dia seguinte: antecipar tarefas otimiza o tempo e garante prazos cumpridos.

Além disso, manter uma comunicação eficiente com a equipe, realizar alinhamentos frequentes e gerenciar bem o tempo são estratégias essenciais para um home office produtivo e sustentável.

ICL NOTICIAS
https://iclnoticias.com.br/home-office-impulsiona-empreendedorismo/