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Nova Central debate Transição Justa na COP 30 em Belém

Nova Central debate Transição Justa na COP 30 em Belém

As Centrais Sindicais brasileiras — Nova Central, CSB, UGT, CUT, Força Sindical e CTB — promoveram, nesta quarta-feira (12/11), o painel “O Mundo do Trabalho e a Transição Justa: o papel dos sindicatos e da negociação coletiva”, durante a programação oficial da COP 30 Brasil – Amazônia, realizada em Belém (PA). O debate ocorreu das 14h30 às 16h e reuniu lideranças sindicais, representantes do governo federal e organizações parceiras.

A Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) foi representada por Denilson Pestana, diretor de Relações Internacionais, e Roberto Leal, presidente do Sintrivel (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Civil de Cascavel e Região).

O evento teve como eixo principal a Transição Justa, conceito que propõe um modelo de desenvolvimento capaz de enfrentar a crise climática sem aprofundar as desigualdades sociais. O painel destacou que discutir o futuro do trabalho, no contexto das mudanças climáticas, é também discutir o futuro da democracia e da justiça social.

Trabalho decente e proteção social

Os participantes reforçaram que a transição ecológica deve garantir empregos de qualidade, com direitos, segurança, qualificação e remuneração justa. Representantes sindicais alertaram para o aumento de denúncias de condições insalubres de trabalho provocadas pelo calor extremo, especialmente em setores como a agricultura, a construção civil e os serviços a céu aberto.

Foi defendida ainda a necessidade de que países desenvolvidos assumam maior responsabilidade na mitigação dos efeitos da crise climática, criando fundos de financiamento para apoiar as nações em desenvolvimento.

Sindicatos como protagonistas

O movimento sindical foi reconhecido como ator insubstituível na construção de uma Transição Justa. Segundo os debatedores, não há justiça social sem diálogo e negociação coletiva, instrumentos fundamentais para garantir que as transformações econômicas e tecnológicas não aprofundem desigualdades.

A negociação coletiva foi apontada como a principal ferramenta para transformar os princípios da transição em ações concretas — desde programas de requalificação profissional até a criação de comitês paritários que monitorem impactos nas categorias trabalhistas.

Centralidade das mulheres

O debate também destacou o papel das mulheres como protagonistas da Transição Justa. Elas estão na linha de frente da economia do cuidado e são as mais afetadas pelas crises climáticas e econômicas, mas seguem sub-representadas nos espaços de decisão.

A Lei de Igualdade Salarial (Lei 14.611/2023) foi lembrada como um avanço, cuja efetivação depende diretamente da negociação coletiva.

Compromisso e próximos passos

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e o enviado especial da COP 30 para os sindicatos, Clemente Ganz Lúcio, participaram do painel e reafirmaram o compromisso do governo com a pauta da Transição Justa. A coordenadora técnica do DIEESE, Adriana Marcolino, e Vinícius Carvalho Pinheiro, diretor do Escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT) para o Brasil, também participaram das discussões, reforçando a importância de alinhar as políticas trabalhistas aos compromissos climáticos globais.

Durante o evento, foi protocolada a pauta da classe trabalhadora das centrais sindicais, documento que reúne propostas e reivindicações voltadas à promoção de empregos sustentáveis, valorização do trabalho decente e fortalecimento da negociação coletiva como instrumento de justiça social.

As centrais sindicais se comprometeram a elaborar, nos próximos 12 meses, uma agenda conjunta de implementação da Transição Justa, com foco em empregos verdes, inclusão social e diálogo permanente entre governo, empregadores e trabalhadores.

“A Transição Justa é um desafio global, mas também uma oportunidade histórica para o Brasil construir um modelo de desenvolvimento sustentável com inclusão e respeito aos direitos dos trabalhadores”, destacou Denilson Pestana, diretor da Nova Central.

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

Priscila Novis Kirchhoff e Carlos Eduardo Corrêa de Morais

Crise ambiental impacta saúde, segurança e produtividade, elevando riscos jurídicos e reputacionais para empresas.

As mudanças climáticas passaram de uma preocupação ambiental e chegaram ao mundo do trabalho, com riscos jurídicos inteiramente novos para as empresas. Aquecimento global, ondas de calor, secas prolongadas, tempestades intensas e outros fenômenos climáticos impactam diretamente a saúde física e mental dos trabalhadores, ampliam a responsabilidade dos empregadores e, na prática, ameaçam o direito a um ambiente de trabalho seguro previsto na Constituição Federal brasileira e na CLT.

No agronegócio, setor-chave da economia brasileira, o impacto é evidente. Em determinadas circunstâncias, trabalhadores podem ficar expostos a calor extremo, desidratação e risco de insolação. Além disso, defensivos químicos se tornam mais presentes em razão da propagação de pragas e eventos climáticos extremos aumentam a probabilidade de acidentes graves no campo.

Os efeitos das alterações climáticas, contudo, não ficam restritos aos trabalhos operacionais e manuais. Também atingem os escritórios e ambientes corporativos, sobretudo aqueles inseridos em grandes centros, cuja tônica é o crescimento urbano desordenado. Ambientes mal climatizados, quedas de energia, enchentes urbanas e piora da qualidade do ar comprometem o bem-estar, a produtividade e até a segurança dos profissionais.

Do ponto de vista jurídico, o passivo potencial é elevado. Empresas podem ser responsabilizadas sob os aspectos civil, trabalhista, administrativo e previdenciário por não adotar medidas de prevenção. Além de indenizações por danos morais, materiais e estéticos, há a possibilidade de reintegração de empregados, pagamento de salários durante afastamentos, autuações por auditores fiscais, ações civis públicas promovidas pelo Ministério Público do Trabalho e aumento do Fator Acidentário de Prevenção, que eleva a carga previdenciária. Casos recentes de incêndios em plantações, mortes de trabalhadores e acidentes decorrentes de enchentes mostram que a crise climática já chegou aos tribunais – e à opinião pública.

Nesse cenário, a omissão é um risco que vai além das condenações judiciais: também é um risco reputacional. Em uma era marcada pela hiperexposição das informações, acidentes e doenças relacionadas a condições ambientais extremas ganham espaço na mídia e nas redes sociais, muitas vezes acompanhadas de narrativas que enfatizam o descaso da empresa com a saúde de seus trabalhadores. Esse enquadramento fragiliza a imagem daquela organização perante consumidores, investidores e parceiros comerciais, que cada vez mais condicionam suas escolhas a critérios de sustentabilidade e responsabilidade social.

A proximidade da COP30 – a 30ª Conferência das Partes da ONU sobre Mudança Climática, que ocorrerá em novembro em Belém – reforça ainda mais a relevância do tema. O Brasil estará no centro das atenções mundiais, e incidentes climáticos envolvendo trabalhadores podem ser utilizados como exemplos negativos em debates internacionais, projetando para além das fronteiras nacionais uma percepção de omissão e descaso, tanto do setor privado quanto do poder público. Uma crise similar próxima ao evento pode fazer a narrativa de falha sistêmica de governança ambiental e social se espalhar, transformando tragédias em símbolos de irresponsabilidade. Nesse contexto, cada acidente de trabalho associado a eventos climáticos extremos pode se converter em um emblema de atraso, afetando reputação, valor de mercado e competitividade.

A resposta do setor empresarial deve ser a ação preventiva e integrada. Planos de contingência para eventos extremos, infraestrutura de proteção no campo e nos escritórios, fornecimento de equipamentos adequados, acesso constante a melhorias e busca pelo aperfeiçoamento são as primeiras medidas. Tecnologias sustentáveis, como irrigação inteligente e manejo integrado de pragas, por sua vez, reduzem a dependência de insumos químicos. Programas de capacitação contínua e de saúde mental, direito à desconexão e descanso, fortalecem a cultura de prevenção. E a inclusão do tema climático em relatórios de sustentabilidade – alinhados a padrões como GRI, SASB e TCFD – demonstra transparência e compromisso.

As empresas que compreenderem essa nova realidade vão reduzir seus passivos jurídicos e reforçar sua credibilidade no mercado. As que ignorarem os riscos climáticos, ao contrário, estarão mais expostas a ações judiciais, custos previdenciários crescentes e riscos reputacionais. Isso porque o direito a um ambiente de trabalho saudável, já consolidado constitucionalmente, se tornou inseparável da agenda climática. Em tempos de COP30 no Brasil, proteger trabalhadores é também proteger a imagem institucional e a competitividade no mercado global.

Priscila Novis Kirchhoff
Sócia da prática Trabalhista do Trench Rossi Watanabe.

Carlos Eduardo Corrêa de Morais
Advogado sênior da prática Trabalhista do Trench Rossi Watanabe.

Trench Rossi Watanabe

https://www.migalhas.com.br/depeso/444234/como-as-mudancas-climaticas-transformam-o-direito-do-trabalho

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

O fim da CLT é a liberdade que oprime

O fim da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) como código protetivo do trabalho é vendido como sinônimo de modernidade. Os defensores dessa premissa neoliberal afirmam que a “liberdade de contratar” e a “flexibilização das regras” trariam prosperidade e mais empregos.

Mas o que se chama de liberdade é, na verdade, desproteção. Entre o grande e o pequeno, entre o rico e o pobre, a liberdade não é campo nivelado. Nem tampouco corda esticada: o lado mais fraco sempre cede primeiro.

A CLT não oprime — protege. O que oprime é a ausência de limites, é o poder absoluto do capital sobre o trabalho.

Mito da negociação individual

O discurso da “livre negociação” ignora a realidade do mercado de trabalho brasileiro. Segundo o IBGE, mais de 36 milhões de pessoas vivem hoje na informalidade — quase 40% da força de trabalho.

Esses trabalhadores aceitam qualquer condição, não por vontade, mas por necessidade. Em país onde impera desigualdades estruturais, falar em “negociação individual” é pura ficção: o empregador e o empresário podem esperar, o trabalhador não.

Sem sindicatos fortes e sem a CLT, o diálogo se torna monólogo — e quem fala mais alto é quem paga o salário.

Sem direitos, a liberdade vira exploração

A CLT é fruto de lutas históricas. Sem essa baliza, o retrocesso seria — como de fato foi — brutal.

Uma mulher grávida poderia ser demitida às vésperas do parto, sem licença nem estabilidade. O trabalhador poderia cumprir jornadas de 12 ou 14 horas sem direito a hora extra. As férias poderiam ser suprimidas. O 13º salário viraria lembrança.

Esses não são exageros, são fatos históricos. Antes de 1943, quando a CLT foi criada, era assim que o Brasil tratava quem vivia do próprio trabalho. O que se chama hoje de “flexibilização” é, na prática, volta à exploração legalizada.

Números da precarização

A Reforma Trabalhista de 2017 foi o primeiro ensaio desse modelo. Prometeu milhões de empregos e mercado “dinâmico”. O resultado, segundo o IBGE e o Dieese, foi o oposto:

  • O emprego informal cresceu mais de 20% desde 2017;
  • O emprego formal com carteira subiu apenas 5%;
  • O salário médio real caiu cerca de 10% nos últimos anos; e
  • O contrato intermitente, símbolo da “modernização”, não chega a 1% dos vínculos, com rendimentos 45% menores que os contratos tradicionais.

A reforma precarizou o trabalho, enfraqueceu os sindicatos e aprofundou a insegurança. A “liberdade” virou sinônimo de incerteza.

Retrocesso travestido de modernidade

Os defensores do fim da CLT argumentam que a legislação trabalhista é “antiga”, “engessada”, “incompatível” com o século 21. Mas o que chamam de atraso é, na verdade, civilização.

A CLT foi criada para conter a lógica brutal do mercado, que trata o trabalhador como custo. Sem essa barreira, voltamos à era em que o lucro justificava qualquer abuso.

Modernidade não é voltar ao passado. É atualizar a proteção social para novo tempo — com trabalho digno, tecnologia a serviço das pessoas e valorização da renda.

O direito que liberta

Direito não é obstáculo à liberdade — é sua condição. A CLT é o instrumento que torna a liberdade possível também para o mais fraco.

Sem leis que equilibrem as relações de poder, a liberdade é privilégio de poucos.

É o direito que liberta, e não a ausência deste.

Em nome da “eficiência”, o neoliberalismo tenta apagar essa verdade: sociedade sem garantias trabalhistas é sociedade que normaliza a exploração e destrói a dignidade de quem produz.

Liberdade que escraviza

O fim da CLT seria o triunfo da liberdade que oprime — a vitória da força sobre a justiça. O progresso real não virá com o desmonte dos direitos, mas com sua ampliação.

Sem o direito, o trabalhador perde a voz. Sem proteção, a liberdade se torna servidão.

E uma sociedade que chama isso de modernidade está, na verdade, voltando para trás.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2025/11/11/o-fim-da-clt-e-a-liberdade-que-oprime/

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

Apesar da onda pró-flexibilidade, 56% dos autônomos preferem CLT, diz pesquisa

O mercado de trabalho brasileiro enfrenta situações que, num primeiro momento, podem parecer paradoxais, mas que, na verdade, refletem a forma como milhões de brasileiros procuram lidar com dois dos maiores problemas enfrentados pela classe trabalhadora: a precarização e os baixos salários.

Pesquisa feita pela empresa Randstad e divulgada pelo jornal Valor Econômico nesta segunda-feira (10) indica que 44% dos jovens com menos de 30 anos priorizam ter mais flexibilidade; 37%, o crescimento pessoal; e 35%, um salário adequado.

Outra medição, realizada recentemente pelo Datafolha apontou que 59% dos brasileiros preferiam trabalhar por conta própria, número que vai a 68% entre os mais jovens (16 a 24 anos).

No entanto, parte de um levantamento feito pela Vox Populi e encomendado pela CUT, CTB e demais centrais sindicais, também divulgada nesta semana, aponta que 56% dos que se declaram autônomos e já foram celetistas afirmam que, com certeza, gostariam de voltar a ter sua carteira assinada.

A pesquisa foi desdobrada em vários eixos, para sistematização e análise em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com o objetivo de captar e entender o cenário real da classe trabalhadora e do mundo do trabalho atual.

Cenário precário

Considerando os indicadores trazidos por esses levantamentos — e mesmo levando em conta o fato de que as diferenças etárias podem pesar sobre as escolhas —, o fato é que os brasileiros em idade produtiva se vêem, em geral, obrigados a se encaixar no que for menos danoso dentro de um quadro geral adverso, resultante do processo de precarização do trabalho nas últimas décadas.

Tal processo abrange desde questões como o avanço tecnológico — inclusive a explosão dos aplicativos de serviços como os de entrega e os de transporte — até os efeitos da reforma trabalhista de 2017 e das terceirizações, que ajudaram o patronato e prejudicaram a classe trabalhadora.

Assim, mesmo em meio a um cenário de economia aquecida e baixa desocupação, o fato é que a qualidade do emprego oferecido pela maioria dos empresários ainda está muito aquém das necessidades e expectativas da população.

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Entre os entrevistados para a pesquisa encomendada pelas centrais, a maioria aponta como principais problemas para se obter um bom emprego os salários baixos (44,5%), as exigências excessivas (38,7%) e a baixa valorização (25,5%).

Conforme a análise dos dados colhidos, “ao contrário do que apontam levantamentos recentes que reduzem a importância do trabalho formalizado e da CLT, mais da metade dos trabalhadores querem ter vínculo formal de trabalho com direitos garantidos pela Consolidação das Leis do Trabalho, porém, acabam caindo no chamado ‘empreendedorismo de necessidade’”.

Salários baixos, exigências altas

“A primeira pesquisa mostra um relativo equilíbrio de três fatores que influem na definição do jovem para ingressar no mercado de trabalho: o horário flexível todos querem, mas esta flexibilidade fica condicionada a questões mais estruturantes, como salário e perspectiva de valorização profissional. O grande problema do mercado formal (CLT ou estatutário) é que os salários hoje estão muito baixos”, explica Nivaldo Santana, diretor sindical do PCdoB e secretário-adjunto de Relações Internacionais da CTB.

Para exemplificar, ele cita dois casos. “A Associação Brasileira de Supermercado (Abras) constata que há dificuldades para o setor preencher 350 mil vagas abertas. Da mesma forma, nos últimos dez anos o Brasil perdeu 1,2 milhão de caminhoneiros (em 2015 tinha 5,6 milhões; em 2025, 4,4 milhões). Na minha opinião, a causa principal é que nestes dois casos concretos os problemas são os salários baixos e as jornadas mais longas”.

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Ele prossegue lembrando que “um caixa de supermercado ganha pouco mais de um salário mínimo; um caminhoneiro, em torno de dois salários mínimos. Com esses salários baixos, migrar para outras áreas mais flexíveis é uma opção. A causa maior é o rendimento, não a rejeição à CLT e ao trabalho formal”.

Ou seja, embora tenha “virado moda” em boa parte dos veículos de comunicação o discurso de que empregos de carteira assinada estão perdendo espaço na preferência nacional e que as pessoas, especialmente os jovens, querem ser empreendedores e buscam maior liberdade de horários, ao que parece essas “escolhas” nada mais são do que o velho instinto de sobrevivência falando mais alto.

“Os autodeclarados empreendedores e autônomos são empurrados para a modalidade pela precarização. Entrevistados apontaram que os empregadores pagam baixos salários, fazem muitas e, por vezes, inadequadas exigências de qualificação, além de jornadas extensas, daí o nome empreendedorismo de necessidade”, avalia Sérgio Nobre, presidente da CUT.

Nesse cenário, diz Santana, “a grande luta para o movimento sindical é recuperar os direitos eliminados pelos estragos promovidos pela reforma trabalhista e a terceirização irrestrita; avançar na grande bandeira da atualidade, a regulamentação do trabalho nas suas mais variadas modalidades — como o feito por meio de aplicativos, o trabalho intermitente, a terceirização desregrada, o MEI (Micro Empreendedor Individual) sem CNPJ, o trabalho sem carteira assinada, a pejotização etc.— e a criação de mais empregos de qualidade e com melhores salários”.

VERMELHO

https://vermelho.org.br/2025/11/11/apesar-da-onda-pro-flexibilidade-56-dos-autonomos-preferem-clt-diz-pesquisa/

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

Dólar cai e fecha a R$ 5,27, menor nível em 17 meses; Ibovespa bate 12º recorde seguido

O dólar fechou em queda de 0,64% nesta terça-feira (11), cotado a R$ 5,2727 — menor nível desde 6 de junho de 2024, quando encerrou em R$ 5,2498. Já o Ibovespa avançou 1,60%, aos 157.749 pontos, alcançando seu 12º recorde consecutivo.

Investidores reagiram com otimismo à ata do Copom e ao IPCA de outubro, que ficou abaixo do esperado. Com isso, cresceram as apostas em cortes de juros em 2026 e a procura por ativos brasileiros, impulsionando o Ibovespa e derrubando o dólar. No exterior, o foco foi o possível fim do shutdown nos EUA — fator que elevou o apetite por risco e favoreceu mercados emergentes.

▶️ A ata do Copom reforçou que o Banco Central está mais confiante de que a taxa Selic em 15% ao ano é suficiente para controlar a inflação. O texto aponta que os juros devem permanecer nesse patamar por um período prolongado, mas o mercado projeta cortes em 2026.

Segundo o documento, a inflação recente tem se mostrado mais favorável, refletindo o câmbio valorizado e a queda nas commodities e nos alimentos. Ainda assim, a demanda aquecida e o mercado de trabalho resiliente seguem pressionando os preços, ponderou o Copom.

▶️ O IBGE informou que o IPCA de outubro subiu 0,09%, desaceleração de 0,39 ponto percentual frente a setembro, quando avançou 0,48%. Foi a menor taxa para outubro em 27 anos, o que levou a inflação acumulada a 3,73% no ano e 4,68% em 12 meses.

▶️ Nos Estados Unidos, a paralisação do governo (shutdown), que já dura 42 dias, pode estar perto do fim. O Senado aprovou uma medida provisória de financiamento, com apoio de democratas centristas, para tentar encerrar o impasse.

🔎 “Shutdown” significa paralisação. Nos EUA, o termo é usado para descrever quando o governo federal suspende parte de suas atividades por falta de aprovação, pelo Congresso, do orçamento anual ou de um financiamento provisório para os gastos públicos.

💲Dólar

  • Acumulado da semana: -1,19%;
  • Acumulado do mês: -1,99%;
  • Acumulado do ano: -14,68%.

📈Ibovespa

  • Acumulado da semana: +2,39%;
  • Acumulado do mês: +5,49%;
  • Acumulado do ano: +31,15%.

Ata da Copom

O Banco Central informou nesta terça-feira (11) que o cenário para a economia tem se desenrolado conforme o esperado, e que já tem uma “maior convicção” de que a taxa de juros atual é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.

As avaliações constam na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, ocorrida na semana passada, quando a taxa básica de juros foi mantida estável em 15% ao ano – o maior nível em quase 20 anos. Foi a terceira manutenção seguida do juro neste patamar.

“Endossando o cenário esperado do Comitê até aqui, há uma moderação gradual da atividade em curso, certa diminuição da inflação corrente e alguma redução nas expectativas de inflação”, informou o Banco Central.

Não há, porém, uma indicação de quando a taxa Selic pode começar a ser reduzida. O mercado financeiro projeta o início do ciclo de corte dos juros básicos da economia a partir de janeiro de 2026.

“Mantém-se a interpretação de uma inflação pressionada pela demanda e que requer uma política monetária contracionista [juro alto] por um período bastante prolongado”, informou. E acrescentou:

“O Comitê seguirá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de alta se julgar apropriado. Reafirmou-se o firme compromisso com o mandato do Banco Central de levar a inflação à meta”, acrescentou a autoridade monetária.

Inflação de outubro

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial do país, ficou em 0,09% em outubro, segundo dados divulgados pelo IBGE.

O resultado veio abaixo da expectativa do mercado, que previa um aumento entre 0,10% e 0,16% nos preços.

  • ➡️ O dado representa uma desaceleração de 0,39 ponto percentual em relação à taxa de 0,48% observada em setembro.
  • ➡️ No acumulado do ano, o indicador soma alta de 3,73%, e em 12 meses, a variação ficou em 4,68%, abaixo dos 5,17% registrados no período anterior.
  • ➡️ Em outubro de 2024, o IPCA havia avançado 0,56%.

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, três tiveram variação negativa no mês: Artigos de residência (-0,34%), Habitação (-0,30%) e Comunicação (-0,16%). Entre os grupos com alta, os resultados variaram de 0,01% em Alimentação e bebidas a 0,51% em Vestuário.

A queda de 0,30% em Habitação foi influenciada principalmente pela redução de 2,39% na energia elétrica residencial, que exerceu o maior impacto negativo no índice do mês (-0,10 p.p.)

O recuo reflete a troca da bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, pela vermelha patamar 1, que reduziu a cobrança extra na conta de luz de R$ 7,87 para R$ 4,46 a cada 100 kWh consumidos.

Paralisação do governo americano no 42º dia

A paralisação do governo dos Estados Unidos chegou ao 42º dia, com expectativa de encerramento nos próximos dias. Na segunda-feira, o Senado aprovou uma proposta de financiamento temporário, elaborada no domingo, com apoio de oito democratas que se juntaram aos republicanos.

O texto agora segue para votação na Câmara dos Representantes, prevista para as 16h (horário de Brasília).

O presidente Donald Trump declarou apoio à medida, aumentando as chances de que o projeto seja sancionado e ponha fim ao impasse.

“Temos apoio suficiente de democratas e vamos reabrir o nosso país”, disse ele a jornalistas na segunda-feira.

A proposta prevê o funcionamento do governo até 30 de janeiro de 2026, além de garantir o pagamento retroativo a funcionários como os controladores de tráfego aéreo, que foram criticados por Trump por se ausentarem do trabalho durante o período sem remuneração.

A paralisação já provoca impactos em diversos serviços, incluindo o cancelamento de mais de mil voos apenas na terça-feira. Programas federais como o de Assistência Nutricional Suplementar (SNAP), também enfrentam instabilidade, após o governo orientar estados a suspenderem pagamentos iniciados no fim de semana.

Bolsas globais

Em Wall Street, os mercados fecharam sem direção única, com investidores preocupados com a valorização excessiva das ações de tecnologia. Ao mesmo tempo, o clima foi de expectativa em torno do fim da paralisação do governo, que já dura mais de 40 dias.

Por lá, dados de emprego da ADP mostraram que, nas últimas quatro semanas até 25 de outubro, empresas privadas cortaram em média 11.250 empregos por semana, o que também contribui para o clima de cautela.

O índice Dow Jones atingiu um novo recorde de fechamento após subir 1,18%, aos 47.927,96 pontos. O S&P 500 avançou 0,22%, aos 6.847,36 pontos, enquanto o Nasdaq caiu 0,25%, aos 23.468,30 pontos, influenciado pela queda de quase 3% nas ações da Nvidia.

Enquanto isso, as bolsas europeias fecharam em alta, dando continuidade ao movimento positivo da véspera. O bom desempenho foi impulsionado por balanços corporativos e dados econômicos locais, além da expectativa de que a paralisação do governo americano esteja próxima do fim.

O índice FTSE 100, da Bolsa de Londres, subiu 1,15%, encerrando o dia em 9.899,60 pontos e renovando seu recorde de fechamento. O STOXX 600 avançou 1,33%, aos 580,41 pontos.

Em Frankfurt, o DAX teve alta de 0,53%, aos 24.088,06 pontos, enquanto o CAC 40, de Paris, ganhou 1,25%, aos 8.156,23 pontos.

Na Ásia, os mercados fecharam mistos. Na China, investidores realizaram lucros em meio à ausência de novos fatores que impulsionem os negócios. Analistas projetam crescimento de 4,5% para a economia chinesa em 2026, com exportações em queda e o setor imobiliário ainda em desaceleração.

Em Hong Kong, a fabricante de veículos elétricos Xpeng teve forte valorização após anunciar novos modelos de robotáxi com testes previstos para 2026.

O índice Nikkei, de Tóquio, caiu 0,14%, fechando em 50.842 pontos. Em Xangai, o SSEC recuou 0,39%, a 4.002 pontos, e o CSI300 perdeu 0,91%, a 4.652 pontos. Já o KOSPI, de Seul, subiu 0,81%, a 4.106 pontos.

Em Taiwan, o TAIEX caiu 0,30%, a 27.784 pontos, enquanto o índice Straits Times, de Cingapura, avançou 1,20%, a 4.542 pontos.

*Com informações da agência de notícias Reuters.

G1
https://g1.globo.com/economia/noticia/2025/11/11/dolar-ibovespa.ghtml

Das safras às salas de reunião: Como as mudanças climáticas transformam o Direito do Trabalho

IPCA de outubro fica em 0,09% e atinge menor patamar para o mês desde 1998

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em outubro veio abaixo das expectativas do mercado e desacelerou em relação ao mês anterior. Os dados divulgados nesta terça-feira (11/11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a inflação oficial fechou o período em 0,09% – menor patamar para outubro desde 1998 e abaixo do resultado de setembro, de 0,48%.

Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,68%, enquanto que de janeiro a outubro, o avanço é de 3,73%. A deflação de 0,1% no preço da energia elétrica foi a principal influência negativa no índice do mês, com a energia residencial registrando queda de 2,39% no mesmo período.

O gerente da pesquisa, Fernando Gonçalves, explica que a queda da energia elétrica reflete a mudança na bandeira tarifária vermelha patamar 2, vigente em setembro, para a vermelha patamar 1, com a cobrança adicional de R$ 4,46 para cada 100 kW-horas consumidos, em vez dos R$ 7,87 que eram cobrados em setembro. “No ano, a energia elétrica residencial acumula uma alta de 13,64%, destacando-se como o principal impacto individual com 0,53 ponto percentual”, explica.

Já o grupo de alimentos e bebidas, que também possui um peso relevante no índice geral, interrompeu uma sequência de quedas nos últimos meses e ficou estável em outubro, com uma variação positiva mínima de 0,01%. Apesar disso, é o menor resultado para o mês neste indicador desde 2017. A inflação da alimentação no domicílio caiu 0,16%, com destaque para as quedas de arroz (-2,49%) e leite longa vida (-1,88%).

Aumento de preços

A maior variação positiva no mês foi a do grupo de vestuário, que subiu 0,51%. Isso se explica pela alta de 0,89% de calçados e acessórios e de 0,56% nas roupas femininas. No grupo de despesas pessoais, que variou 0,45%, o subitem empregado doméstico foi destaque em outubro, com elevação de 0,52% e, também, o pacote turístico, que cresceu 1,97%.

Apesar de o vestuário registrar a maior variação, o maior impacto na inflação veio do grupo de saúde e cuidados pessoais, que avançou 0,41% no mês e influenciou em 0,06 ponto percentual no índice de outubro. “Essa alta foi impulsionada pelos artigos de higiene e pessoal com 0,57% e pelo plano de saúde com 0,50%”, destaca o gerente da pesquisa.

Na análise por capitais, a maior variação em outubro foi registrada em Goiânia (0,96%), devido à alta de 6,08% no preço médio da energia elétrica residencial e de 4,78% da gasolina. Por outro lado, a menor variação (-0,15%) foi registrada em São Luís, em função da queda no preço de alimentos, como o arroz (-3,49%), e também da gasolina (-1,24%).

CORREIO BRAZILIENSE